domingo, 18 de maio de 2008

Quem precisa ser salvo primeiro?


Há tempos que ouvimos falar na necessidade de salvação.
Salvar as baleias, os golfinhos, os leões marinhos, as savanas africanas, os micos leões dourados, a água, a camada de ozônio, os pandas chineses, as nascentes dos rios, as geleiras dos pólos do planeta, as aves raras e o meio ambiente inteiro, tem sido motivo de muita atividade e ativismo ao redor do mundo.
Instituições que se tornaram poderosas pelo apoio de pessoas, empresas e governos no combate ao desmatamento de grandes áreas verdes naturais e contra a morte de fauna e vida marinha, agora se confundem com grandes conglomerados industriais e de serviço pelo mundo afora. Sua sede de poder, politicagem e corrupção tem tornado suas estruturas maiores que seu foco primordial.
Uma análise se faz necessária. Todas as demandas por salvação ou quase todas as atuais demandas de salvação são criadas pela própria ação do homem. É certo que algumas espécies animais já foram descobertas no momento da sua extinção natural, o meio ambiente em parte sofre a ação natural da geologia do planeta como um processo de continuidade, porém a maioria das carências por salvação estão em foco por causa das consequências que foram desencadeadas pelos desdobramentos da ação humana.
Nossa modernidade impôs suas condições ao meio ambiente.
Estamos, tardiamente, descobrindo que nossa convivência deve prescindir e prever a preservação da vida do indivíduo natural. Tudo o que há no planeta e fora dele é parte do ambiente em que vivemos e qualquer decisão de ação humana que venha a criar dano, uso, extinção ou desmatamento deve ser repensada, qualquer que seja ela, pelo simples princípio da convivência harmoniosa. A natureza possui regras próprias e já está provado que ela se ressente de nossa ação predadora buscando o equilíbrio.
Sendo assim quem está precisando de salvação é o homem. Precisa de ser salvo de sua atitude quando é originada em intenções que sejam contrárias à convivência harmoniosa, à continuidade da vida.
Todo os sistema de queima de combustível, toda exploração do solo e da água, toda exploração do ar, toda produção industrial e transformação energética que não vise em contrapartida, pelo menos a reciclagem completa de seus resultantes, não deverá mais ser viável para o futuro da preservação, tanto do meio ambiente, mas principalmente para a continuidade da manutenção da vida humana sobre a terra.
Precisamos repensar não só as ações mas, e principalmente as intenções humanas por trás das ações humanas sobre a vida no planeta.
Precisamos de uma constituição para a convivência harmoniosa e que seja baseada no princípio da continuidade e manutenção da vida. Tudo o que for contrário a isso deverá ser descontinuado. Novas tecnologias, novas políticas de relacionamento e de convivência, novos modelos sociais e de governo, novos posicionamentos econômicos e de troca deverão ser criados para isso.
O atual estado de coisas já não mais se sustenta frente a necessidade que a vida no planeta já nos mostrou que necessita.
Quando falo da vida no planeta também incluo o ser humano.
Onde estão os homens de grandes idéias, os inventores, os criadores? Onde os filósofos, os pensadores, os idealistas da vida? Temos tecnologia e conhecimento para a total renovação das estruturas que suportam a vida na terra.
Aprender a conviver harmoniosamente com a natureza será a salvação de nossa estória futura. Sistemas de vida mais humanos e que sejam voltados para o equilíbrio do todo com base no princípio da vida e sua continuidade, manutenção e geração.
Para que tenhamos mais vida temos que aprender a manter a vida e até a gerá-la.
Para chegarmos a isso precisamos antes sermos salvos de nossa ganância, de nosso egoísmo, de nossa cultura separatista.
Salvem os homens.
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